Economia | Dólar Dispara e Real Enfrenta Forte Desvalorização

Escalada de Tensão no Oriente Médio e Medo de Recessão nos EUA Impactam Economia Brasileira
Nesta quinta-feira (1), o dólar fechou em alta frente ao real, atingindo R$ 5,735 – o maior valor desde dezembro de 2021. Esse movimento reflete o fortalecimento da moeda norte-americana globalmente, impulsionado por temores de recessão nos Estados Unidos e o agravamento do conflito entre Israel e o grupo Hamas. A morte do líder do Hamas, Ismail Haniyeh, em um ataque aéreo de Israel em Teerã, intensificou as tensões geopolíticas, contribuindo para a aversão ao risco entre os investidores.
O economista-chefe da MB Associados, Sergio Vale, comentou sobre o impacto dos riscos externos e internos no mercado cambial. “A preocupação maior é com a escalada no Oriente Médio e a possibilidade de recessão nos Estados Unidos, que cada vez mais fica provável”, explicou. Segundo Vale, o cenário exigirá um esforço fiscal maior do governo para mitigar os riscos externos. As bolsas brasileiras e globais reagiram negativamente ao aumento das tensões, com o índice B3 caindo 0,2%, acompanhando as quedas nos índices Dow Jones e Nasdaq.
A manutenção da taxa básica de juros (Selic) em 10,50% ao ano pelo Copom também influenciou o mercado. Apesar da expectativa do mercado por um corte de juros, o presidente do Fed, Jerome Powell, sinalizou possíveis reduções futuras, mas os dados econômicos dos EUA sugerem retração, aumentando a preocupação com a economia americana. O índice PMI e os pedidos de auxílio-desemprego indicam uma possível contração econômica, elevando ainda mais a pressão sobre o real.
Especialistas destacam que a combinação de fatores internos e externos criou uma “tempestade perfeita” para a valorização do dólar. André Colares, CEO da Smart House Investments, apontou o risco do conflito entre Israel e Palestina e a expectativa de mudanças no Banco Central como elementos cruciais para a disparada da moeda. Entidades empresariais, como a Confederação Nacional da Indústria (CNI) e a Confederação Nacional do Comércio (CNC), criticaram a decisão do Copom, alegando que os juros altos prejudicam a economia e encarecem o crédito, afetando principalmente as micro e pequenas empresas.