Médico preso em Santa Cruz cobrava de pacientes do SUS no Paraná

0

Ortopedista exigia pagamento de pacientes para atendimentos realizados pelo SUS; pelo menos 11 vítimas foram identificadas

SANTA CRUZ DO RIO PARDO – 11 de Junho de 2025

A Polícia Civil prendeu na tarde de terça-feira (10) o médico ortopedista e traumatologista André Santana Fonseca Rodrigues, de 54 anos, condenado por corrupção passiva. O profissional da saúde, que atuava no Sistema Único de Saúde (SUS), como ortopedista foi detido ao sair da academia do Icaiçara Clube na rua Saldanha Marinho, no centro da cidade.

O mandado de prisão foi expedido pela Vara Criminal de Cornélio Procópio (PR), onde tramitava o processo que resultou em sua condenação a 9 anos e 4 meses de reclusão em regime fechado. André Rodrigues foi levado inicialmente à Central de Polícia Judiciária (CPJ) de Santa Cruz do Rio Pardo e, em seguida, transferido para a CPJ de Ourinhos, onde aguardou audiência de custódia. A transferência para o Centro de Detenção Provisória (CDP) de Cerqueira César está prevista para a manhã desta quarta-feira (11). O médico ainda pode recorrer da sentença.

A reportagem da IBTV teve acesso a investigação do Ministério Público do Paraná que aponta que ao menos 11 pacientes foram extorquidos pelo médico, que cobrava valores indevidos por cirurgias e consultas realizadas em unidades públicas de saúde. O crime de corrupção passiva, tipificado no artigo 317 do Código Penal, ocorre quando um servidor público solicita ou recebe vantagem indevida em razão da função que exerce.

Histórico de denúncias e prisão anterior

O nome de André Rodrigues já havia ganhado repercussão em 2015, quando foi preso preventivamente por cobrança indevida a pacientes do SUS na cidade de Bandeirantes (PR), a cerca de 40 km de Cornélio Procópio. Na ocasião, o jornal Gazeta do Povo, de Curitiba, trouxe relatos de vítimas que apontavam a prática de extorsão em atendimentos na Santa Casa de Misericórdia de Cornélio Procópio.

Em uma das denúncias, Kelly Cristina Pereira dos Santos contou que sofreu um grave acidente de carro em novembro de 2014, resultando em uma fratura exposta na perna. Ao dar entrada na Santa Casa, recebeu a informação de que necessitava de cirurgia com urgência. Entretanto, segundo o Ministério Público, o médico exigiu R$ 2 mil para realizar o procedimento, sob a justificativa de que os materiais hospitalares eram “velhos”. Sem o pagamento, a cirurgia foi negada e só foi realizada gratuitamente dois dias depois, após intervenção do MP.

Outro caso emblemático envolve a idosa Tereza Gonçalves Miranda, que sofreu uma fratura no punho às vésperas do Natal. Após passar por uma cirurgia pelo SUS, Rodrigues teria exigido outro pagamento de R$ 2 mil, sob pretexto de realizar uma nova intervenção para fixar um pino no braço. A cobrança, segundo o MP, visava custear anestesista e garantir vaga hospitalar. O valor, no entanto, foi indevidamente cobrado, uma vez que o procedimento foi registrado como inteiramente custeado pelo SUS no valor de R$ 529.

Compartilhe nas mídias sociais!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *