Coluna de Bartolomeu Rocha: O Coronel e o Debate Eleitoral

O Coronel e o Debate Eleitoral
O ar em Santa Cruz do Rio Pardo estava denso, carregado de expectativa e um cheiro forte de pólvora política. A cidade se preparava para um debate entre os candidatos à prefeitura, evento que prometia acender a chama da campanha eleitoral. A organização, sob a batuta do Jornal Página D e da OAB, esperava um embate de ideias, um momento de esclarecimento para o eleitor. Mas a sombra de Otacílio Assis, candidato a prefeito, pairava sobre o palco, prenunciando um show de força e desrespeito.
Otacílio, um nome que ecoa na história política da cidade, carregando consigo o peso do passado e a aura do coronelismo, decidiu impor sua vontade. Com a mesma mão de ferro que antes governava o município, mandou cancelar o debate. A justificativa? Uma sucessão de ataques infundados, um discurso inflamado, um jogo sujo para desmoralizar a organização e silenciar seus adversários. A OAB, um órgão sério e respeitado, foi tratada como um mero detalhe, um obstáculo a ser removido do caminho do “coronel”. A imprensa, a voz do povo, foi calada com a mesma brutalidade.
A história se repete? No passado, Otacílio já havia demonstrado sua intolerância com o debate democrático, preferindo o discurso unilateral e a imposição da sua verdade. O medo, a subserviência e o apelo à nostalgia parecem ser as armas mais poderosas em seu arsenal. A população, dividida entre os que temem sua volta e os que anseiam por um retorno ao passado glorioso (ou pelo menos a versão romantizada desse passado), se pergunta: até quando o “coronel” irá ditar as regras do jogo?
Mas, e o atual prefeito, Diego Singolani, o “pupilo” que ousou desafiar o mestre? Diego, o homem que a cidade reconhece pela melhora na saúde pública, que enfrentou os embates políticos e as traições de seu antigo aliado, agora se defende das investidas de Otacílio. O passado, os acertos e os erros, as alianças e as desavenças, tudo se mistura nesse turbilhão político. A saúde, o calcanhar de Aquiles de qualquer administrador, é o trunfo de Diego.
A cidade de Santa Cruz do Rio Pardo, nesse momento, respira o ar da disputa, da desconfiança, da incerteza. A pergunta que paira no ar é: será que o “coronel” voltará a reinar? Ou a cidade finalmente se libertará da sombra do passado, buscando um futuro mais democrático, mais transparente, mais justo?
A resposta só será dada nas urnas. Mas o cheiro de pólvora política ainda persiste, um prenúncio de que a batalha está apenas começando.
Bartolomeu Rocha especial para IBTV
As opiniões dos colunistas não refletem necessariamente na opinião da IBTV