Coluna do Dr. João Gabriel: CALE A BOCA, SERVIDOR!

CALE A BOCA, SERVIDOR!
Cala boca já morreu, disse a Ministra do STF, Cármen Lúcia em julgamento histórico sobre a autorização para biografias e em encontro com a imprensa há alguns anos.
Por sua vez, o art. 73, inc. II, da Lei 9.504/97, garante ao servidor público o direito de participar de campanhas eleitorais, de se expressar de maneira livre e de declarar seu voto fora da jornada de trabalho.Contudo, em entrevista à rádio 104,9, Alternativa, no dia 24/10/24, o ex-prefeito Otacilio Parras (ex-PT e atual PL) disse que o servidor público concursado que ocupa cargo em comissão só pode (na política)pensar e votar: “Em politica, livre pensar e só pensar, para o funcionário público, livre pensar e só pensar, e votar. Agora, livre pensar e se manifestar, ocupando um cargo de confiança, tá colocando, se colocando em uma situação difícil, que como fica o eleito se essas pessoas trabalharam contra ele, como serão da confiança do eleito?”
Pois é, servidor público concursado, nomeado para um cargo em comissão ou função gratificada: o negócio é só pensar e votar. A manifestação coloca você em uma situação difícil.
Que democracia, meu povo. Ou: que democracia, meu povo?
Então, o servidor público concursado e designado para exercer um posto de confiança tem que calar a boca, salvo se for do lado do ex-prefeito (e futuro prefeito), como vimos numa situação específica (certo?).
Mas, e a liberdade de expressão?
Não pode.
Só pode livre pensar. E votar. Manifestar, não.
Essa mensagem é exatamente o que vimos nos governos Otacílio 1 e 2. Otacílio 3 promete mais do mesmo (como já suspeitávamos).
Servidor público concursado em função de confiança só pode pensar. E votar.
Talvez daqui a alguns anos, nem isso. Se surgirem habilidades “precognitivas” (assistir Minority Report), o servidor nem isso poderá fazer, pois, afinal, “como fica o eleito se essas pessoas trabalharam contra ele, como serão da confiança do eleito?”.
Por isso, servidor, só pense e vote. Não se manifeste. Não pisque. Não converse com adversários do prefeito eleito em 2024. Livre pensar e só pensar.
E fujam para as montanhas. Sem pensar.
As opiniões dos colunistas não refletem necessariamente na opinião da IBTV